Galhos Secos
De quando me lembro a mudança aconteceu, não lembro ao certo o que me levou a isso. Se dores de frustrações e mágoas em melodias constantes tornaram-se a trilha sonora do desencontro de duas vidas, haverá um final feliz ou uma reviravolta na história? Não busco motivos, não procuro satisfações a dar para o acaso, não fujo de quem decidiu por seu próprio livre-arbítrio, eu mesmo! A dor que causo já vinha plantada em um terreno fértil e a sua colheita seria abundante e inevitável, embora de si tenham nascido frutos apenas condenados ao descarte. O joio suplantou o trigo, há poucas esperanças nesta safra; a estiagem a deixou seca e o solo duro e rachado. O ar está quente, torna respirar um sofrimento, mas como não respirar? Doendo ou não, inspiro expiro mesmo queimando, mesmo ardendo, a vida está ali... Os poucos passos que conseguimos dar em frente nos torna heróis de nós mesmos, como se nossas almas nos pegassem no colo e nos levassem através da dor, por onde havia incredulidade e falta de fé. A boca seca a amarga anuncia a vontade se exaurindo e, mesmo encontrando água, nela há lama e sujeira; mas a vida está ali! De olhos fechados levamos a vida, no conforto que a escuridão nos propicia, nos apegamos ao que nos torna completos por consequência de nossas escolhas e de nossos amores e paixões, depois por nossas famílias, pais e filhos... Embora perder a fé em determinado momento nos exponha fraquezas e nos torne frágeis como galhos secos ao vento, mesmo galhos secos ao vento envergam e não quebram e renascem em cor e fortaleza e provam que ali nunca deixou de existir esperança...